Política brasileira

Há meses Dilma Roussef atribuiu ao FHC a culpa pelo Petrolão porque, em 1990 e bolinhas, houve, na Petrobrás, um caso de corrupção. E FHC emergiu, do inferno, para o céu, e a imprensa tratou-o como uma cornucópia de virtudes públicas. Há algumas semanas, deu-se a notícia de que Lula encontrar-se-ia com FHC para conversar sobre o impeachment da Dilma, para evitá-lo. FHC, por sua vez, deu a entender que distancia-se do PT, do Lula, da Dilma, e com Lula não se reunirá, não haverá conchavo entre eles, e coisa e tal, apresentando-se, então, como pessoa livre da podridão moral petista, um homem impoluto. Sei, não. Mas parece-me que há, na imprensa brasileira, que, com raras exceções, está a favor do governo, um esforço para conceder ao FHC virtudes que lhe faltam e para apresentá-lo como a solução para o Brasil, sendo que ele é, no entanto, aliado do Lula. Os arquiinimigos FHC e Lula simulam antagonismo; na realidade, são aliados. São, ambos, adeptos dos mesmos ideais políticos. São, ambos, defensores da esquerda; são, ambos, socialistas.