
Carta 13
28/06/2016 16:30Brasília, [data]
Ao
Senhor Carlos Roberto de Souza Almeida Vargas.
Prezado senhor,
As recentes medidas adotadas pelo Governo Federal e pelo Banco, como o Banco te informou, a despeito do seu inegável sucesso, não coibiram, todavia, a ação dos mais exaltados burgueses inescrupulosos, sórdidos agentes do imperialismo ianque, sobrinhos do famigerado tio Sam, que, com a sua insanidade esquizofrênica, implementaram na nação estadunidense a secessão, cortando o país ao meio.
O Governo Federal, carente de recursos, e preocupado com o bem-estar do povo brasileiro, povo gentil, cordial, o melhor povo que já surgiu na face externa do orbe terrestre, decidiu não acolher em seu seio generoso e benevolente, a despeito da insistência de organizações internacionais, que desejam ver o nobre povo brasileiro famélico, desvigorado, emasculado, arrastando-se, débil, pelo chão, espojando-se nos lixões produzidos pela burguesia capitalista, as exortações dos capitalistas estrangeiros, as quais, se acolhidas, encareceriam, enormemente, a vida do gentil povo brasileiro, o povo mais trabalhador de que se tem notícia, pois teria de, obrigatoriamente, realocar recursos destinados aos projetos sociais, ambientais, educacionais e culturais para projetos de contenção dos meliantes, e elevar as alíquotas de impostos, que já são elevadíssimas (a elevação das alíquotas de impostos enfraqueceria as indústrias nacionais e diminuiria o poder de compra dos trabalhadores nacionais e de suas famílias). O Governo Federal não hesitou: rejeitou, altivo, nobre, como é de seu feitio, esta proposta nefasta para a pátria, e decidiu implementar medidas que não prejudicam os brasileiros e inspiram-lhes ações favoráveis à participação espontânea no esforço hercúleo de conservação da paz e da ordem neste país tropical, belo por natureza, em que todas as raças se irmanam, amistosamente, neste Éden paradisíaco, e não repetem o ódio visceral fraternal de Caim e Abel, pois, aqui, no Brasil, a natureza é farta, e nutre, com o seu úbere apojado de proteínas e vitaminas, os descendentes de povos oriundos de todos os continentes.
O Banco te informa, senhor Carlos Roberto de Souza Almeida Vargas: o Governo Federal, para obter os recursos imprescindíveis para conservar a paz e a ordem e impedir a repetição do episódio lamentável - que os brasileiros da gema, honestos, decentes e trabalhadores, têm, obrigatoriamente, de deplorar -, que se sucedeu, anteontem [data], no estado de São Paulo, cuja população, descendente de bandeirantes asquerosos, herdeiros de imundos desbravadores genocidas, repete, em pleno século XXI, a malfadada e antipatriótica política de 1932, aumentará a quantidade de dinheiro à disposição do gentil povo brasileiro. As impressoras do Governo Federal estão a todo vapor. O Governo Federal produz riqueza como nunca se produziu na história da civilização.
Para encerrar:
O Governo Federal autorizou o Banco a, para melhor atendê-lo, solicitar-te, encarecidamente, que, para melhor atendê-lo, salientamos, toda vez que tu efetuares uma operação bancária, em quaisquer terminais eletrônicos e caixas em quaisquer agências bancárias, ou nas lojas credenciadas e nas casas lotéricas, além de digitares os dados os quais o senhor estás habituado a fornecer (listamo-los: 1, a senha; 2, o número do teu CPF; 3, o número correspondente ao mês do teu nascimento; 4, o ano do teu nascimento; 5, o número do teu RG; 6, o número do teu Título de Eleitor; 7, o número do teu Certificado de Reservista; 8, o número da tua Carteira de Habilitação de Motorista) e apresentar os documentos originais (Certidão de Nascimento, RG, CPF, Título de Eleitor, Certificado de Reservista e Carteira de Habilitação de Motorista), apresentará três cópias autenticadas de cada documento (RG, CPF, Título de Eleitor, Certificado de Reservista e Carteira de Habilitação de Motorista), que serão protocoladas, e uma cópia o Banco recolherá e arquivará, e uma cópia o Banco enviará ao Governo Federal, e uma cópia o Banco te devolverá, e tu a arquivarás, e conservarás contigo, senhor Carlos Roberto de Souza Almeida Vargas, para a tua segurança, por um período de cinco anos. Caso o senhor não sejas detentor do Certificado de Reservista e da Carteira de Habilitação, o Banco solicita-te providenciar declaração, de próprio punho, na presença de oficial de justiça, autenticada e com reconhecimento de firma; caso o senhor já tenhas tomado tal providência, conforme solicitado na carta de [data], e redigido, de próprio punho, tal declaração, desconsidere-a, pois o Banco, autorizado pelo Governo Federal, para melhor atendê-lo, senhor Carlos Roberto de Souza Almeida Vargas, invalidou-a, e a destruirá; a destruição da declaração será executada no Fórum Municipal (para a sua destruição, o senhor terá de pagar módicos R$ 5,00), evitando, assim, que o senhor, nesta vida atribulada, esqueças de tomar tal providência, e o documento, caindo em mãos erradas, que são numerosas nos dias atuais, seja utilizado para realização de crimes contra a tua pessoa. Para a tua segurança, para o Banco melhor atendê-lo, o senhor terá de redigir nova declaração, de próprio punho, autenticá-la, no Cartório de Registro Civil, na presença de um Oficial de Justiça, e terá de apresentá-la, sempre que desejar entrar em uma agência bancária, ao segurança, que te dará acesso aos domínios da agência.
O Banco despede-se de ti, sob votos de felicidade e alegria.
De
Gerente Personalizado
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